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CANTO PARA SABOEIRO

Saboeiro, onde o Rio Jaguaribe

desperta a natureza pra sua fantástica beleza

e depois, segue serpenteando

entre varzantes, córregos, tabuleiros,

pedras, serras, carrascos,

com sua vasta mata branca

acompanhado por uma lua fina

e muitas estrelas vivas

deste agreste nordestinamente brasileiro,

nessa longa e terna trajetória

rumo ao mar...por isso,

em Saboeiro o céu acorda mais cedo,

desperta sonhos para o restante do mundo

a mostra que Deus abençoou a paisagem

para provar, claro, a sua existência...

beber a água bucólica dos “Caldeirões”

é como passear pelas ruas da cidade

ouvindo histórias de Saboeiro,

contadas pela voz mansa

de nossos pais e avós

guardadas com zelo para o amanhã

e eternizadas na nossa memória.

Saboeiro

retrata o aconchego e afago

das coisas boas do passado;

memorial vivo do povo dos Inhamuns

com suas histórias de fortes guerreiros

e segredos de grandes amores

guardados no silêncio sepulcral

das páginas escritas ao sol

nas pradarias deste nosso sertão

sem fim...

espraiado pelas bandas do sertão,

esse poeta de sonhos longos

e de lavouras vastas

confessa, humanamente confessa:

Saboeiro – sabe chegar de mansinho

e ocupar um lugar no nosso coração...

( BC. neto)

PILÃO DE PAU...

Velho pilão.

Moinho antigo

Arroz, paçoca e milho,

batido e amassado.

Sagrado alimento do Olimpo

Maná dos sertões abandonados.

Enchendo de energia os buchos

e de calos, a palma das mãos dos ousados.

Velho pilão,

Tronco roliço - puro miolo

de aroeira, angico e pau d’arco.

Inquebrantável madeiro.

Pau ferro cinturado e polido.

Feito pelos carpinteiros dos matos

na base do facão e do machado.

Suor dos rostos e sangue dos dedos.

Símbolo de fartura e de tempero.

Eito do sertão e refrigério

Pão-nosso multiplicado

conbatendo a fome dos viventes.

Arma dos destemidos.

Lida eterna do sertão.

Velho Pilão.

Prometeu destemido.

Bolo e pão de milho.

Saudade, balseiro dos rios

e dos riachos secos.

Agrestes sentimentos.

Bichos dos terreiros

Pirão, angu, xerém de pinto,

pamonha, tabuleiro e mão de pilão

arma de amazonas dos sertões

e de homens madrugadeiros.

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Por José Cícero(inédito-2012)