segunda-feira, 3 de junho de 2013

Sete são presos acusados de compor quadrilha de fraudadores


Até 30 candidatos seriam beneficiados pelo esquema, não efetivado. De cada um eram cobrados R$ 30 mil, o que faria da ação algo quase milionário.



Disputado por cerca de 15 mil candidatos, o concurso do Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) realizado ontem estava na mira do esquema de uma quadrilha interestadual especializada em fraudar certames. Apontadas como integrantes do grupo após 15 dias de investigações, sete pessoas foram presas preventivamente numa operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP) com o apoio da Polícia Civil e Coordenadoria de Inteligência da Secretaria da Segurança (Coin).

De acordo com o promotor de Justiça Manoel Epaminondas Vasconcelos, o esquema funcionava da seguinte forma: Roberto Clodoaldo Gomes Feitosa, apontado como chefe da quadrilha, faria a prova e sairia cedo para dar o gabarito a seis “repassadores”. Eles, por sua vez, diriam as respostas para os candidatos.

Os acusados de serem “repassadores” que foram presos são: Antônio Alberto Peixoto Mota, Crislane Gonçalves Pires Mota, Nailane Gonçalves Pires, Alano Barbosa Caetano, Paulo de Carvalho Oliveira e Emanuel da Silva Ripardo. Todos foram capturados em Fortaleza. Apenas Roberto Clodoaldo foi pego em Caucaia, onde mora. Com ele, a Polícia encontrou um revólver calibre 38 em situação irregular e munição. “Eles transmitiriam via rádio para um ponto eletrônico quase imperceptível no ouvido do candidato”, revelou o promotor.

O MP estima que até 30 pessoas teriam contratado a quadrilha. Valor do serviço: R$ 30 mil. Total do golpe: R$ 900 mil, portanto. Contudo, segundo Epaminondas Vasconcelos, nenhuma chegou a fazer a prova porque Clodoaldo desistiu do esquema às 16 horas do sábado, 1º. “Pegaram (via interceptação telefônica) ele desmanchando tudo. Ele sabia que estava sendo monitorado.”

A ideia era prender todos em flagrante, algo impossibilitado pela desistência do grupo. Por isto, as prisões foram preventivas e duram cinco dias. Todos estão na Delegacia de Capturas, exceto uma das integrantes. Ela foi liberada por estar amamentando um bebê de apenas três meses, situação classificada pelo promotor como “excepcionalíssima.”

Conforme o MP, Roberto Clodoaldo, apontado como líder, já responde a processos na Justiça Federal por fraude de concurso. A quadrilha teria atuado em certames de prefeituras cearenses e fora do Estado.

O promotor admite “efeitos colaterais” no concurso do MP por conta da operação (leia mais na página 5). Mas pondera: “proibimos a entrada de celulares em todos os locais de prova porque pretendíamos fazer detecção de metais em todos os candidatos para evitar fraude e o concurso ser 100% lícito. Posso garantir, com toda a certeza, que fechamos todas as possibilidades de fraude. Os candidatos podem ficar tranquilos. Não foi detectada nenhuma durante a prova.”

Procurada pelo O POVO, a Polícia Civil preferiu não se manifestar sobre a operação. (Colaborou Bruno Pontes)

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

Os sete membros da quadrilha ficam presos, conforme o MP, por cinco dias - até novos encaminhamentos serem dados ao caso. Todos estão na Decap, a exceção da mãe do bebê de três meses

Saiba mais

Em nota, o MP-CE
informou que “com alguns acusados, foram apreendidos o material e com o apontado como líder da quadrilha (Roberto Clodoaldo Gomes Feitosa), foram encontrados quarenta e um pontos eletrônicos.
De acordo com o promotor Epaminondas Vasconcelos, os mandados de busca e apreensão e prisão temporária foram expedidos pela 3ª Vara Criminal de Fortaleza na semana passada, logo após o Gaeco levantar material suficiente que comprovava a intenção do grupo de fraudar o certame.

Ainda conforme Epaminondas, a soltura de uma das integrantes por conta do período de amamentação do filho de três meses foi feito pelo próprio Ministério Público. Considerou-se o bem-estar do bebê.
 
O intuito da operação era prender todos os acusados em flagrante. Contudo, o líder do grupo teria tomado conhecimento das escutas telefônicas e outros métodos investigativos e, para evitar a prisão, abortou o repasse do gabarito. Sequer foi à prova. Por isso, acabou preso em casa, assim como os demais membros da quadrilha interestadual.





O Povo Online

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