segunda-feira, 27 de maio de 2013

Tia de Angelina Jolie morreu com cancro da mama

Tia da actriz norte-americana desenvolveu um cancro de origem hereditária devido a uma mutação no mesmo gene que a actriz anunciou ter.



Apenas duas semanas depois de Angelina Jolie ter gerado polémica e surpresa ao anunciar que removeu as duas mamas para reduzir as possibilidades de ter cancro da mama, uma tia da actriz norte-americana morreu com a mesma doença. Debbie Martin, de 61 anos, morreu no domingo no Centro Médico de Palomar, na Califórnia, adianta a BBC online. Martin era irmã da mãe de Angelina Jolie, que morreu em 2007, aos 56 anos, depois de dez anos a lutar contra a mesma doença. 

 No relato na primeira pessoa que Jolie fez na edição de 14 de Abril do jornal The New York Times, a actriz e mulher de Brad Pitt explicou que foi depois da traumática experiência da mãe e de outros casos na família que decidiu fazer exames médicos para perceber se era portadora de uma mutação genética que aumenta exponencialmente a probabilidade de ter um tipo de cancro da mama de origem hereditária. 

 Aos 37 anos, Jolie optou pela remoção das suas mamas para reduzir a probabilidade de vir a ter um cancro - procedimento conhecido como mamoplastia redutora de risco ou mastectomia bilateral profiláctica - a pensar nos seis filh “A minha mãe lutou contra o cancro durante quase uma década e morreu aos 56. Aguentou o suficiente para conhecer os primeiros netos e para lhes pegar ao colo. Mas os meus outros filhos nunca terão a oportunidade de a conhecer e de sentir quão amável e graciosa ela era”, escreveu a actriz. Jolie adiantou que fez testes genéticos que demonstraram que era portadora de um gene “defeituoso” (nas suas palavras), o BRCA1, e que por isso tinha fortes probabilidades de desenvolver cancro da mama e dos ovários. 

Com a operação disse ter reduzido as probabilidades de desenvolver cancro da mama de 87% para menos de 5%. Angelina, mãe e tia com a mesma mutação genética Agora Ron Martin, marido da tia de Angelina Jolie, disse ao E! News que a mulher tinha precisamente a mesma mutação que a irmã e que Jolie no gene BRCA1, adiantando que a actriz e restante família têm estado sempre em contacto e a dar apoio, apesar de não terem conseguido ainda ir à Califórnia. 

Em declarações à agência AP, o tio de Angelina Jolie saudou a opção pela cirurgia para reduzir o risco de vir a desenvolver a doença. “Se tivéssemos sabido, certamente teríamos feito exactamente o que a Angelina fez”, assegurou. O procedimento pelo qual Angelina Jolie optou não é, contudo, inédito e é também cada vez mais aceite em Portugal mas apenas para casos com critérios médicos muito bem definidos, já que há outras alternativas menos radicais e porque mesmo removendo as duas mamas as taxas de sucesso não são de 100% já que resta sempre algum tecido mamário e o mamilo e a auréola. 

A cirurgia preventiva é recomendada apenas a quem tenha precisamente alterações nos genes BRCA1 e BRCA2 e histórias familiares muito pesadas. No entanto, perante estas alterações genéticas, mais importante do que remover as mamas é retirar os ovários – por o cancro nestes órgãos ser mais difícil de detectar e, em geral, mais agressivo. Por agora, Angelina Jolie disse que perante a sua idade e a possibilidade de querer ter mais filhos ainda não partiu para esta operação, mas garantiu que não a exclui no futuro. 

 A transmissão hereditária de cancros da mama representa até 10% do total de casos. Em Portugal, surgem todos os anos 4500 novos casos de cancro da mama, o que significa que 450 terão origem hereditária. Sobre a cirurgia redutora de risco em Portugal não há dados concretos, estimando-se apenas que três em cada dez mulheres que fazem o teste e que descobrem a mutação acabam por optar pela operação. 

Nos EUA recorrem a esta forma de prevenção cerca de 700 mulheres por ano. E mais de 100, após um cancro numa das mamas, tiram a outra. Segundo um estudo na revista Annals of Surgical Oncology, em 2011, o número de doentes com cancro da mama que optou por remover o lado não afectado cresceu dez vezes entre 1998 e 2007.

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