quinta-feira, 2 de maio de 2013

Retrato de um artista quando jovem

Thiago Mendonça no papel de Renato Russo: músicas gravadas ao vivo
 para tornar as cenas mais convincentes


Acaba amanhã a ansiedade de milhares de fãs do Legião Urbana. Estreia, nos cinemas de todo o Brasil, o filme Somos tão jovens, uma cinebiografia que retrata parte da adolescência do cantor Renato Russo (1960 – 1996), do seu despertar para a música à sua transformação em ídolo de mais de uma geração de fãs.

 Dirigido por Antônio Carlos da Fontoura, o longa se passa entre 1976 e 1982 e mostra os anos em que o jovem Renato Manfredini Júnior, acometido por uma doença degenerativa muscular, se vê preso a uma cama e decide mergulhar nos livros, na filosofia e na música. A morte precoce do astro - aos 36 anos, vítima de complicações da AIDS - não chega a ser mostrada.

 O filme se encerra no momento em que a Legião Urbana recebe o primeiro convite para um show no Rio. “Sempre preferi os começos aos fins. Conto a história de Júnior, um menino que aos 18 anos escreveu ‘Que País é Este’ para sua banda Aborto Elétrico, um ano depois escreveu ‘Geração Coca Cola’, mais um ano e escreveu ‘Eduardo e Mônica’ e ‘Faroeste Caboclo’, tudo isso antes de formar sua Legião Urbana”, explica Fontoura, que é diretor também dos longas Copacabana me Engana (1968), A Rainha Diaba (1974), Espelho de Carne (1984) e Gatão de Meia Idade (2006). 

 “O filme é sobre o rito de passagem de um adolescente para o mito. Ressalta as buscas que todos os adolescentes fazem e sempre farão”, descreve o cineasta, que conta ter virado fã instantâneo da Legião Urbana depois de ouvir no rádio a música ‘Ainda é Cedo’, quando já tinha 44 anos. “De certa forma nosso roteiro foi escrito em cima de ‘Ainda é Cedo’, tudo que acontece no filme leva nesta direção”. A missão de interpretar um dos maiores ídolos da música brasileira coube ao ator Thiago Mendonça, que foi indicado ao papel por Fernanda Villa-Lobos, ex-empresária da banda e esposa do guitarrista Dado Villa-Lobos.

 Para dar veracidade à interpretação, Thiago passou quatro meses só ensaiando com o diretor musical Carlos Trilha, músico que participou de turnês da Legião e produziu os dois álbuns solo de Renato. “Tocamos as músicas ao vivo nas cenas, então, tive de aprender a tocar violão, baixo e guitarra, além de ganhar segurança para cantar. As cenas de show foram as que mais curti porque fazíamos, de fato, um show. Eram uns 70 figurantes e nós tocando, por exemplo, em cima de um caminhão em Brasília”, contou o ator, dono de uma cabeleira cacheada e de uma voz muito semelhantes às do ídolo. 

Segundo Fontoura, a opção por gravar as músicas ao vivo, tocadas e cantadas pelos próprios atores, partiu de Trilha, que sempre se incomodou com as nada convincentes dublagens feitas em filmes. A tentativa de dar mais veracidade às cenas é vista também na direção de arte, que se encarregou de reproduzir a Brasília dos anos 1970 e 1980, com locações, inclusive, no térreo do prédio em que Renato Russo morava. Já o lado ficcional do filme ganha força com Aninha, vivida pela atriz Laila Zaid, personagem criada para simbolizar as muitas mulheres-amigas que passaram pela vida de Renato Russo e o ajudaram a desvendar suas questões sentimentais e sexuais.

 Para criar esse “jogo entre o fictício e o real”, a direção do filme adentrou o mundo de Renato Russo através de conversas com amigos e pessoas que conviveram com ele na época. A irmã do cantor, Carmem Teresa - no filme interpretada por Bianca Comparato -, e a mãe, Dona Carminha – vivida por Sandra Corveloni - também deram um suporte importante ao filme, participando, inclusive, do set de filmagens. 

Outra fonte de pesquisa que deu base ao longa foi o escritor Carlos Marcelo, autor do livro Renato Russo – o filho da Revolução. “Minha obrigação era fazer um filme que não desapontasse a legião de fãs nem o Renato, seja lá onde ele esteja. E acho que fiz”, avisa Fontoura.





O Povo Online

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